Assimetria dos lados
Marília
Beatriz
Professora
da UFMT, mestre em Comunicação e Semiótica/PUC-SP
Assimetria
dos lados, 2011
“Figura:
forma exterior de um corpo
Vulto Sombra
Pessoa Personagem Entidade Personalidade”.
Ensina
Wlademir Dias Pino em um de seus poéticos textos.
É
com essa trama que a obra de Pellegrim se revela: desvelando formas que
equilibram e apontam os corpos incrustados e inscritos na carnadura do silêncio,
silêncio quebrado de quando em vez pela letra/lavrada, no verso/conversa, com
palavra/vazada: corpo da imagem. Imagem insinuante, sedutora, esculpida e
capturada. Um foco que se desloca no conto, na estória, no livro que se agita
na moldura. O texto - imagem pura! E a imagem é a própria pessoa do artista com
seus afetos. Eis então a revelação: a obra é parte do mistério, da arte que
vive em solidão e no equilíbrio entre a linguagem recolhida por Pellegrim e a
expressão admirada em
Wlademir. Mais que o recorte da figura e a fabricação da
escritura o que se vê em
Daniel Pellegrim é um abrir de horizontes para um mundo de
trâmites, de idéias, de rituais na subsistência de uma realidade, de uma
realidade conquistada passo a passo na feitura da obra. São essas
possibilidades que desdobram a pessoa do artista com o seu personagem. É
preciso saber ler/ver... Porque na entidade da arte há sempre uma recordação. O
Artista lembra-se de um outro artista e com ele comunga a personalidade haurida
livre no desvão das construções imagéticas restauradas, filtradas e iluminadas
por um fazer multifacetado na técnica cerrada, no solo cerrado, na Chapada
descerrada.
O
que Daniel Pellegrim propõe, conquista, recorta e suporta é servir e contemplar
com o seu olhar a obra de outro artista como a feitura de uma homenagem
poética. Uma poética - mistério, de imagens tecidas nas entrelinhas de letras
desenhadas em constante discurso, com fiel cali/fotografia ao ser de Wlademir
Dias-Pino.
Noite
cuiabana de 15 de outubro de 2011
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